terça-feira, 6 de janeiro de 2009

DA MULETA PRA CADEIRA

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As coisas iam de mal a pior, as dores nas pernas eram constantes; inúmeras vezes eu gritava de dor e isso deixava aflitas minha mãe e minha esposa que já não sabiam o que fazer. Aconselhado pelos médicos fui fazer fisioterapia; assim que cheguei à Hidroclinica (ainda andando), fui indicado pelo Dr. Celso a fazer um tratamento para aliviar as dores, após algum tempo estava na piscina fazendo hidroterapia; um fato que não esqueço foi que a pesar das dificuldades em andar, na água era mas fácil a locomoção, mas certo dia a fisioterapeuta que mim acompanhava a Drª. Cléa , assim como eu, percebemos que eu já não conseguia sair do lugar, de cabeça baixa pra ela não ver, comecei a chorar; ao levantar a cabeça notei que ela também chorava.
Vendo a situação em que me encontrava muitas pessoas se sensibilizaram, uma delas foi a Fátima diretora da escola em que eu trabalhava, vendo a realidade do que estava acontecendo, mas sem me magoar, me ofereceu um par de muletas, a principio eu não queria, mas as circunstancias me obrigava a aceitar. Não durou muito, já não conseguia andar com as muletas; então me trouxeram um andador, até ai tudo bem, mais as coisas iriam piorar.
Certa manhã tentei me levantar apoiado no andador mais não consegui, comecei a chorar. Aliás, chorar era minha rotina; não suportava que logo comigo esta Doença viera acontecer; eu que trabalhava, nunca fizera mal a ninguém, me considerava um bom filho, um bom marido e um bom pai. Porque eu? Está era a pergunta que não saia da minha cabeça. No outro dia a Fátima veio me visitar e trouxe algo que me aterrorizava “a cadeira de rodas”, desesperado não quis aceitar, mas ela e minha mãe me convenceram que era por pouco tempo, então sentei pela primeira vez naquela cadeira. O que eu mais temia aconteceu, estava impossibilitado de andar.
Realmente as coisas estavam tomando um rumo totalmente diferente do que eu havia planejado pra minha vida, meu pai que alguns anos depois que eu nasci se separou da minha mãe resolveu se aproximar de mim, eu estava pronto a recebê-lo, pois o clima com o meu padrasto já não estava bem, devido a uma atitude que ele fez em que senti um desprezo da sua parte. Explico: não me lembro bem em que dia foi, apenas lembro que eu estava deitado na cama, quando comecei a passar mal, não conseguia respirar o desespero tomou conta de mim, apenas conseguia falar algumas frases, chamei pela Gil que vendo aquela cena também se desesperou e chamou a minha mãe, ela por sua vez percebendo que a situação era gravíssima pediu para que o meu padrasto me socorresse ao Pronto Socorro enquanto esperávamos por ele o meu estado piorou pedi que me tirassem dali rápido, e Gil não pensou duas vezes me pegou no colo colocou-me numa cadeira e saiu puxando até a varanda, não sei a onde ela foi buscar tanta força pra isso, só encontro uma explicação “Deus” só pode ter sido Ele que deu força a ela. Enquanto isso o meu padrasto foi escovar os dentes, vestir outra roupa e terminar de rezar o terço em que ele tinha começado. Não foi preciso que ele me levasse ao pronto socorro, alguns minutos depois eu comecei a voltar a respirar normal, confesso que essa atitude dele me deixou magoado, pois penso se fosse com ele eu agiria de imediato deixando tudo e dando prioridade a socorrer-lo. Hoje, eu não consigo guardar magoa disso, pois consegui superar, fiquei horas indagando se deveria ou não relatar este episódio mais depois senti que não deveria esconder nada de você leitor.