domingo, 11 de janeiro de 2009

A UTI

pg. 05

No dia 22 de Dezembro de 2004, estavam me preparando para a tomografia, tudo estava muito bem, minha mãe e o Fazendeiro (meu padrasto) estavam no quarto esperando o término do exame, a Gil acompanhou-me até a sala, lá chegando tive uma surpresa, o rapaz que iria fazer a tomografia era um ex colega de cursinho, fiquei bastante feliz ao revê-lo. Colocaram-me na mesa e a Gil ficou do meu lado.
As 17hs começaram o exame, após alguns minutos senti uma ligeira falta de ar, mas não tomei nenhuma atitude, deixei que prosseguisse normalmente. Quando foi ejetado o contraste, alguma coisa de muito errado estava acontecendo, eu não conseguia respirar de jeito nenhum, fiquei desesperado! Pedi através de gesto para que me tirassem dali, rapidamente as pessoas que lá se encontravam me socorreram, mas naquele momento eu senti que tinha chegado o meu fim, olhei para minha mulher e como num ultimo ato disse-lhe: Nêga...eu te amo, nunca esqueça disso.Após pronunciar estas palavras eu tive uma parada cardíaca e fui levado as pressas para a UTI. As pessoas da minha família se desesperaram, minha mãe que já estava andando com dificuldade, saiu às pressas do quarto, quando soube do acontecido, e foi até onde eu estava. Acredito que todos esperavam que a qualquer momento isso pudesse acontecer, pois no estado vegetativo em que eu me encontrava; a morte já era uma coisa natural.
As 11:30hs do dia 23 de dezembro de 2004 acordei na Uti do hospital do Açúcar, cheio de aparelhos e com um tubo que entrava pela minha boca até o pulmão para que eu pudesse respirar melhor.Assim que abri os olhos senti uma paz que há muito não sentira e compreendi o que acontecera de imediato; apesar de não poder falar por motivo do tal tubo na boca, os enfermeiros pediram-me para confirmar se meu nome era Edson, respondi com a cabeça que sim, perguntaram também se eu lembrava do que tinha acontecido, novamente respondi sim. Depois fiz um gesto com a mão para escrever, eles me entenderam e trouxeram-me uma caneta e um papel, e escrevi: Que dia é hoje? Eles me responderam, então percebi que fiquei desacordado por menos de 24hs, na realidade exatos 18 horas e trinta minutos. De repente vejo um rosto conhecido entrar sorrindo, era a Renildes, uma vizinha nossa e também enfermeira do hospital, perguntou-me se estava tudo bem, respondi que sim, e com o papel e caneta perguntei pele minha mãe, ela me respondeu que estava esperando na porta. Senti um alivio, pois o que mais me preocupava era o estado de saúde dela.
Pouco tempo depois retiraram o tubo da minha boca, foi uma sensação horrível, mas nada que eu não pudesse suportar, afinal já tinha passado por coisas piores. As enfermeiras foram muito atenciosas comigo, deram-me um banho e fizeram a minha barba; às 14 horas começou as visitas, a primeira a entrar foi a Gil, apesar de estar sorrindo seu rosto indicava que ela tinha passado a noite toda chorando, porém, ela tentava disfarçar. Logo depois entrou minha mãe, que parecia mais firme do que eu pensava que ela podia estar; algum tempo depois ela me confidenciou que em nenhum momento ela achou que eu iria morrer, pois me considerava um forte, um vencedor!
Seguiram-se as visitas: Fazendeiro, Cícera (tia), Simplicio (amigo), alguns não puderam ou não quiseram entrar, mas ficaram na porta da UTI, orando por mim.

Continua...