quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

BUSCANDO A CURA A TODO CUSTO

pg. 03

Meu pai me ligou, e perguntou se poderia me ver, eu disse que sim, então ele veio me visitar, conversamos bastante, mas ele estava constrangido pois ao lado da minha casa morava a minha mãe e meu padrasto, isso causava um certo desconforto, mais eu lhe disse que a casa era minha e ele poderia vir a hora que quisesse.Confiante nas minhas palavras ele começou a freqüentar a minha casa ; isso deixava meu padrasto irritado, mas eu tentei ainda contornar a situação e disse-lhe que não era necessário tudo aquilo pois meu pai estava separado da minha mãe a trinta e cinco anos, e na sitaução que eu me encontrava eu não poderia desprezar ninguém, disse-lhe ainda que o amava como meu pai.
Depois disso a fera amansou por uns dias e pude ver a família unida novamente. Meu pai querendo de alguma forma ajudar me veio com uma proposta terrível, mas que pra ele poderia ser a solução “ir a um terreiro de macumba”. Desconversei na hora dizendo-lhe que não dava, pois era católico e não concordava com aquelas praticas!, todas as vezes que vinha me visitar ele tocava no assunto, até que cansado da sua insistência e vendo que eu estava piorando mais e mais eu aceitei. E numa noite ele veio me buscar para irmos ao tal “terreiro”,fomos eu,ele a Gil e o tio João(irmão dele), ao entrarmos no local, fechei os olhos e fiz uma rápida oração “ Meu amado e querido Deus perdoa-me por encontra-me neste lugar, meu corpo pode estar, mas o meu coração estará contigo”. O pai de santo começou a fazer os “trabalhos” e eu fechei novamente os olhos para não ver aquela cena, mais era inevitável, durante um desses trabalhos ele pegou uma galinha e a matou, retirou seu sangue, abriu-lhe ao meio tirou seu coração e o pôs em minhas mãos; o coração ainda batia, eu nunca tinha visto uma coisa daquela! Chorei alucinadamente e prometi nunca mais entrar em um lugar daqueles.
Novamente fui em busca de outro médico que pudesse me dar respostas concretas para o que estava acontecendo comigo, foi ai que conheci a Drª. Lucia Helena; mesmo sem saber diagnosticar qual a doença, ela resolveu tratar-me com um medicamento muito forte, fiquei internado durante uma semana no hospital Arthur Ramos, só para tomar esta medicação, que consistia em dez ampolas por dia durante cinco dias. Ao termino da primeira semana eu fiquei bastante debilitado; magérrimo, com dificuldade para falar e respirar. Parecia que a medicação piorara o quadro, sem conseguir dormir eu e a Gil passávamos varias noites em claro e quando conseguia cochilar, faltava ar e tinha que ficar sentado. Levamos o acontecido a doutora, que disse que eu deveria ter ao lado da minha cama um cilindro de oxigênio, através das pessoas da escola conseguimos alugar o cilindro. No mês seguinte voltei para fazer novamente o tratamento, mas não cheguei a terminar, devido ao medicamento fiquei intoxicado.
Voltei para casa me sentido pior do que antes, sem conseguir falar e sem conseguir respirar. Foi quando tomei uma decisão, que confesso se não tivesse adoecido jamais eu faria, resolvi casar com a Gil. Apesar de vivermos juntos há doze anos, casar era uma palavra que não existia no meu dicionário; mas como as coisas estavam, certamente eu iria morrer e não queria deixar ela e o Gustavo(nosso filho) desamparados, pois acreditava que com a minha morte eles não teriam direito a nada.

Continua...