sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

O CASAMENTO

pg. 04

Foi nessa época que minha mãe começou a ficar doente também, o diabetes com que ela vivia há anos, foi aumentando e segundo os médicos era emocional, ou seja, tudo levava a crer que era por minha causa.
No dia 13 de Novembro de 2004, eu e a Gil nos casamos na Igreja Virgem dos Pobres, aqui mesmo no bairro. Foi uma celebração coletiva mas que pra nós foi única. Depois da celebração, fomos comemorar com os amigos mais chegados na nossa casa. Apesar de tanto sofrimento estávamos realmente felizes, era um momento que jamais iríamos nos esquecer. Mas a doença não dava trégua, e eu sentia que o fim estava próximo.
No mês seguinte precisamente no dia 07 de dezembro casamos no civil, pronto,eu estava preparado para partir. Só pensava em desfrutar com a minha família os últimos momentos de vida que me restavam. Os dias passavam lentamente e eu estava de fiando muito rápido, não tinha forças pra mais nada, nem mesmo pra pegar uma caneta nas mãos, minha esposa é que fazia tudo pra mim, foi quando um dia a minha sogra me disse que eu deveria lutar, pois as pessoas um dia se cansariam de fazer as coisas por mim. Passei algum tempo pra entender o que ela quis dizer com aquilo, e até hoje confesso que não sei, talvez fosse querendo me dar animo ou deixar subtendido que a Gil não tinha que esta vivendo só pra mim e que deveria viver a vida dela. Resolvi que se era uma provação de Deus então eu estava disposto a passar por ela lutando com todas as forças que me restavam.
Foi quando por intermédio do Sr. Lucas, um rapaz que trabalhava na escola, fui levado a conhecer o Dr. Fernando Gameleira que prontamente quis me ajudar, reconhecendo que não podia diagnosticar com facilidade a doença, ele resolveu internar-me em um hospital para fazer toda espécie de exames, notei que o Dr. Gameleira era diferente de todos os outros por quem havia passado.
Não me lembro bem o dia, mas foi neste mesmo mês(dezembro) que dei entrada no Hospital do Açúcar, e começou uma bateria de exames comigo; todo dia cinco horas da manhã chegava um negão com uma maleta e dizia: “Senhor Edson? Exame de sangue”. Era quase uma tortura; mas eu não reclamava, eu sabia que era para o meu bem.
Conheci muita gente interessante, um deles foi o meu colega de quarto Laércio, um rapaz que sofrera um acidente e estava a um mês internado, a minha família e a dele tornaram-se grandes amigas, ele me incentivava a continuar lutando e nunca desistir. O mesmo eu fazia com ele.
Os exames continuavam: Raios X de todo corpo, Biopsia, eletrocardiograma, ecocardiograma, ultra-som, ressonância magnética entre vários. E eu continuava piorando, mas desta vez não ficava abatido, brincava o tempo todo com os médicos, enfermeiros e outros pacientes, ninguém me via triste, estava sempre sorridente.
Apesar das brincadeiras pra descontrair, às vezes eu ficava triste ao ver a Gil se esforçando tanto para cuidar de mim, dormindo em uma cadeira, acordando nas madrugadas para me socorrer, as pessoas da família também percebiam, foi quando minha mãe mandou o meu filho mais velho Felipe ficar os fins de semana no lugar dela. Num desses finais de semana eu tive um inicio de parada respiratória e vi o Felipe sair correndo pelo corredor do hospital, pra chamar os enfermeiros de plantão. Hoje lembrando disso vejo quão pesada foi a carga para aquele garoto de 16 anos levar, o pai poderia ter morrido em seus braços, realmente ele estava se tornando um homem naquele dia.
O natal estava se aproximando e eu não queria ficar no hospital, queria passar as festas em casa junto a minha mãe, que já estava bastante doente, e a todos da família como era tradição nossa. Sempre que o doutor chegava, eu perguntava quando ele iria me dar alta, ele me respondeu que faltava apenas um exame para ter a certeza da doença pois ele já tinha quase diagnosticado. Faltava uma tomografia computadorizada


Continua...